O Dr. Amadeu Cruz, que foi presidente da Câmara Municipal do
Porto Novo nos últimos 8 anos, defendeu, recentemente, na abertura de um curso
para dirigentes desportivos em Santo Antão, que o Governo devia incentivar as
empresas a apoiarem o desporto nas chamadas ilhas periféricas, como Santo
Antão.
O Governo, através da Direcção-Geral dos Desportos (DGD), devia,
no quadro da legislação aplicada ao mecenato, criar incentivos fiscais às
empresas que patrocinem clubes “fora dos grandes centros urbanos, sugeriu o Dr.
Amadeu Cruz, que já dirigiu um clube de futebol: Os Sanjonenses, da Ribeira das
Patas, Porto Novo.
O então Presidente da Câmara do Porto Novo lamentou o facto de
as empresas preferirem apoiar apenas os clubes da Praia, São Vicente e do Sal,
precisamente aqueles têm melhores condições de sobrevivência.
Em Santo Antão, os clubes sobrevivem apenas com apoios das
Câmaras Municipais, ajudas essas que sequer dão para garantir as refeições aos
jogadores em dias de jogos.
A questão levantada pelo economista suscita algumas reflexões. De facto, as empresas nacionais preferem patrocinar os grandes clubes da Praia, Mindelo e do Sal.
Mas, porque?
Alguém dizia que quando um empresário decide apoiar um clube
porque é amigo ou parente do presidente desse clube. Não deixa de ser uma
verdade.
É claro que um presidente de um clube que tem um amigo na
administração de uma empresa tem a vida facilitada, quando se trata de pedir
patrocínios.
Mas, há que suscitar uma reflexão sobre essa matéria. Será que
os clubes fazem “trabalho de casa”. Muitas vezes o insucesso na procura de
apoios ou patrocínios pode estar relacionado com a desorganização dos próprios
clubes.
Num artigo publicado no jornal A Semana, em Fevereiro, o Sr.
Emanuel C. D’Oliveira, caracteriza a actual situação dos clubes: “…pouquíssimos
são os clubes convenientemente organizados. A maioria não passa, na verdade, de
grupos de aficionados…são pessoas de muita boa fé, mas sem tempo e com pouca
experiencia em gestão desportiva”.
O artigo adianta que, nas condições descritas acima,
“dificilmente se pode conseguir um patrocínio consistente e duradoiro”.
O que acontece, geralmente, em Cabo Verde é que, na maioria das
vezes, são oferecidas a essas pessoas equipamentos, bolas ou algum emprego.
Para o Sr. Emanuel Charles D’Oliveira “… amigos dos clubes,
quando bem posicionados ou endinheirados”, oferecerem algum apoio, sem esperar
ou exigir retorno sob nenhuma forma”.
Isso mostra que, geralmente, a amizade entre os dirigentes dos
clubes e das empresas marca diferença.
Mas, o senhor Emanuel C. D’Oliveira considera que, dos muitos
clubes existentes em Cabo Verde, poucos são aqueles que dão sinais de modernização
ou estão preparados para os desafios actuais, em termos de gestão desportiva.
Quando vão à procura de patrocínios, não
oferecem nada ou muito pouco em troca às empresas, cujo objectivo é produzir
lucro.
Isso dificulta muito as coisas.
Para o Sr. Emanuel C. D’Oliveira, …quem for à procura de
patrocínios e apresentar propostas convincentes e beneficias para o
patrocinador terá muito mais probabilidades de conseguir os seus intentos.
Mas, competições pouco competitivas e uma fraca cobertura
mediática dos eventos promovidos pelo clube pode ser obstáculos importantes.
NOTA:
A primeira iniciativa de patrocínio desportivo de que há registo data de 1850,
um senhor de nome John Wisden dono de uma marca de roupas na Grã-Betanha,
resolveu patrocinar um anuário de Cricket. Desde desse tempo o patrocínio
desportivo tem acompanhado a evolução económica, a sociedade e os seus
fenómenos sociais.
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